sábado, 21 de maio de 2011

Assim nóis pode fala!


A cada dia, o Excelentíssimo Sr. Ministro da Educação Fernando Haddah, brinda a população com seu ótimo senso de humor. Obviamente, deve tratar-se de um humor extremamente refinado, inclusive, com alguns requintes de perversidade. Não bastasse os sucessivos erros referentes ao Enem, a desvalorização crescente dos professores e a precarização escolar, a intenção agora é acusar a norma culta da língua portuguesa de ser um método de domínio da elite sobre a grande massa. Pretexto: mostrar aos alunos que o falar cotidiano não possui erros desde que o objetivo de comunicar seja alcançado.


O novo livro distribuído pelo MEC para o EJA possui um capítulo que aborda a linguagem culta e a linguagem popular. Com frases extremamente parciais, de que a língua culta favorece as elites, e falando de preconceito lingüístico, o texto explica que não há maneira correta de falar. No entanto, cabe uma pergunta: Será que tanto alunos quanto professores têm condições de compreender a belíssima intenção de incluir a que o livro se propõe?  Dados do CENSO demonstram que, aproximadamente, 32% dos professores de ensino médio e fundamental não possuem graduação de nível superior, e dos 68% restantes, um em cada quatro estudou em uma universidade de má ou péssima qualidade. Após anos afastados da escola, ou depois de passarem anos “empurrando com a barriga” a formação escolar, adultos e jovens terão a tendência de acomodarem-se em sua “ignorância”. Alguns educadores acreditam que colocar em um livro didático frases que contém erro de norma culta, poderá levar a um crescente desrespeito as normas gramaticais, já tão graves e arraigadas na população brasileira. Não bastasse o “internetês” amplamente utilizado pelos jovens, agora é proposto, didaticamente, certa indulgência com relação aos erros contidos na fala popular. Entretanto é ignorado o fato de que, em ambientes formais, os erros da fala são julgados e apontados sim, sendo nesse momento, instrumentos de exclusão e seleção.
Um país com dimensões continentais como o Brasil, não pode levar como corretas de forma geral, as regionalizações da linguagem. A gramática e a norma culta servem acima de tudo, para padronizar e unificar a comunicação nacional. Favorecer os erros da linguagem oral determinará, certamente, um maior número de erros na escrita, e a formação do “bairrismo” lingüístico, que futuramente tornará ainda mais difícil a integração cultural no país. Adaptamos a fala de acordo com nossas necessidades, sem que seja necessário aprender em sala de aula que abreviações e encurtamentos de palavras usuais são normais. A comunicação oral não é estática, ela se adapta aos diversos usos que fazemos dela. Contudo, precisamos de um “norte” gramatical, para que possamos sempre recorrer a uma norma geral e correta, que possa ser utilizada em qualquer ocasião, sem que incorra em erro.
Infelizmente, o Brasil, mostra cada vez mais a sua incapacidade de tornar-se um país desenvolvido.  Uma nação que negligência e desrespeita dia a dia a base de sua potencialidade, a educação, não pode ter a pretensão de crescer. Irmãos! Oremos, agora, de mãos dadas pela moribunda educação brasileira. Caso ela sucumba, sucumbiremos todos às trevas da ignorância e da burrice!

Carla da Cruz Teixeira

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